Li uma notícia que já está se tornando mais do que comum nas pautas dos jornais atuais. As crianças sedentárias de hoje estão se transformando nos cardíacos de amanhã e nem precisa ser um amanhã tão longe assim, na própria adolescência, jovens que não praticaram exercícios na infância aumentam até 6 vezes a possibilidade de desenvolver doenças cardíacas.
Eu sou da época que criança brincava descalça na rua, e olha que nem faz tanto tempo assim, cerca de 10 ou 15 anos atrás.
Acho que a minha geração foi a última que realmente aproveitou todas as delícias de ser criança. Na galera sempre conversamos dos brinquedos, doces, programas e jogos da época com uma saudade boa e aquela sensação de que conseguimos aproveitar nossa infância da melhor forma possível. Brincando.
Quem não lembra do Genius, do Aquaplay, de brincar com o contador na escola, de comer Mini Chicletes, paçoquinha Amor, chocolate Lolo, de chupar Dip n´ Lik, drops Dulcora, balas juquinha, engasgar com a bala Soft, de usar Conga, Montreal e Ki Chute na escola, de rabiscar o caderno inteiro com as canetinhas Sylvapen e morrer de raiva quando a pontinha entrava pra dentro, de usar a Barsa pra pesquisar sobre algum tema pro trabalho da escola que era sempre pro dia seguinte, de andar de patins, mas aquele patins de verdade que você encaixava seu tênis dentro, de brincar de STOP, Banco Imobiliário, Barra Manteiga, Pega Vareta, Cara Maluca, jogar Enduro no Atari, de desenhar no Traço Mágico, aquela lousa vermelha com dois botões que faziam traços na horizontal e na vertical, de não perder nenhum dia a Nossa Turma, Ursinhos Carinhosos, Smufs, Cavalo de Fogo e Moranguinho, de ter os discos do Fofão, do Bozo e do Balão Mágico e ainda fazer prova na escola com as folhas ainda cheirando álcool por conta do mimiógrafo.
Olha só como nem precisa muito pra perceber quanta coisa a gente fazia sem precisar de internet e de videogames de última geração que praticamente são uns robôs.
As crianças que nasceram na metade da década de 90 já nem aproveitaram nada disso. Certamente brincam em casa porque a rua é perigosa demais, ou porque as mães preferem ficar olhando de perto o que seus filhos estão aprontando. E já que vão ficar em casa, mais fácil dar bolacha recheada, salgadinho, chocolate, tudo quanto é tipo de doces e tranqueiras.
Na minha época, as crianças comiam e gastavam suas energias brincando (e como!!), cresciam saudáveis e se tornaram adultos saudáveis e magros. Agora, as crianças refletem os adultos obesos que se tornarão e a gama de doenças que tais hábitos acarretarão.
Não é fácil convencer a garotada de que brincar usando o pensamento e mexendo o corpo é melhor, eu juro que já tentei. Elas preferem conhecer todos os novos jogos on-line ou no navegar e achar os amiguinhos pelo orkut.
Havia tantas brincadeiras divertidas, como não agradar esses pimpolhos? Ainda mais que as empresas de brinquedos estão relançando os antigos sucessos. O fato é que para a atual rotina da vida moderna, nem sempre as escolhas mais fáceis são as melhores. Nem sempre abrir mão de criar seu filho com todo o apoio e assistência necessária é o certo, mesmo que isso melhore financeiramente a vida da família. Claro, não vamos ser hipócritas de fazer disso uma regra, afinal de contas a coisa ta feia e é para todos, mas é melhor relembrar algumas dessas brincadeiras com seu filho do que ficar jogada no sofá jantando e assistindo Jornal Nacional, não?!
É triste ver o rumo que a modernidade trouxe para a vida da criançada, mas há de se fazer uma forcinha. Ultimamente, não há nada mais desesperador pra mim do que ver uma criança de 3 anos dançando Créu, e olha que ainda dizem que pode piorar.
God save us.
:S
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